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Sin fuerzas para volver.





Texto escrito em 6 de Março:

"Hoje eu me peguei comendo uma lasanha inteira com pão. Comer tudo com pão é um costume espanhol e francês também e não sei cargas d’água eu estava comendo desse jeito hoje.
Hoje eu me peguei arrumando tudo, observando minhas coisas nos mínimos detalhes e limpando de forma metódica como faço na minha casa em Búzios. Fazer isso é uma forma de terapia para mim. No dia que eu estou fazendo isso-batata!- estou fazendo faxina mental, tomando decisões, aparando arestas, refletindo para chegar à alguma conclusão.


Enquanto arrumava minhas roupas no armário, cheirei um casaco, meu primeiro casaco para inverno rigoroso, aquele casaco que eu ainda me achava muito estranha com este amontoado de roupa. Esse mesmo casaco tem o cheiro da Renata que chegou na Espanha. Uma Renata com olhos de criança-uma Renata que só conseguia se comunicar em inglês no aeroporto de Madrid.


Depois de 2 meses fora do Brasil: Quem é que mexeu no meu paradigma? Essa é a minha pergunta.

Eu não me lembro de morar fora de um lugar tanto tempo e ter que voltar.

Sinceras desculpas a quem lê isso, mas eu estou reclamando de que? Eu moro em Búzios, tenho uma bolsa no Brasil, tenho pais que me amam, amigos que gritam de saudade e eu estou aqui... e sem vontade alguma de ir embora.


Nem do frio eu reclamo mais. Já me acostumei ter os dedos gelados e a essa cor branca sem bronze.


O que mais me dói não é voltar pra pátria amada, é deixar interrompido um processo de crescimento que ainda não terminou. É deixar os melhores amigos que fiz em 3 meses, é deixar os almoços e conversas profundas com meu vizinho de habitação Warley, é deixar a Lilian sair da porta de frente sem ter mais comigo chorar as pitangas de pijama, é não ver mais a Adri todas as tardes e roubar KitKat, é não poder mais tomar café e mais café com o Pablo (essa doeu!), é não poder ter chinesas amáveis para abraçar todos os dias pela manhã, é não ter Taku e Arden para para ensinar “palavrotas brasileñas” é não ter ninguém me apurrinhando para bailar samba, é não ter ninguém para levar uma invenção gastronômica que acabei de criar na minha habitação, é não ter reunião no corredor já que todos os vizinhos resolveram sair de suas tocas, é não viver mais nada deste sonho... rs.



Escrevo... E arrumo os cachecóis de maneira perfeccionista e diferente da última vez.


Esfrego o chão do meu banheiro com tamanho perfeccionismo enquanto converso seriamente com meus botões. Enquanto tento tomar decisões - boas diga-se de passagem - equilibrando a razão com a frieza de que eu também nasci pra ser feliz não só para cumprir obrigações."

Na foto, eu e Mei Li, em um almoço chinês que ela preparou com muito carinho pra mim!

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