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Berlim: Primeiras impressões

               Vá para a Alemanha, visite um campo de concentração, ouça a história do holocausto da boca de um guia e nunca mais tenha estômago para ver e assistir, documentário ou filme sobre este tema. É assim como me detectei hoje, ao ligar a televisão e começar a assistir El pianista. Tudo bem que filme tem sempre um pouco mais de sensacionalismo. Porém, estive lá, com meus próprios olhos em Sachsenhausen. Se eu tava afim de voltar para a realidade do dia a dia impactada com a viagem, dessa, saí menos ilesa do que podería imaginar. A Alemanha também tem sua beleza, claro, mas se me permitem dizer, o holocausto é uma chaga. É um karma em uma nação. Com certeza existem outras rotas turísticas alemãs, mas nada como este nefasto carro-chefe. Saí da sala e vim escrever. Nem sempre os posts vêm como uma psicografia! Nem sempre consigo traduzir os impactos sofridos em palavras. Nem os livros de História da vida inteira souberam preparar meu coração pr'aquilo que eu vi!
               A minha estada em Berlim foi isso aí. Nunca estive em uma viagem inundada em tanta tristeza (fora os meus perrengues). Eu me diverti na Berlim do século XXI, uma Berlim super gay em que dá igual pra todo mundo se você tá pelado, vestido, se é negro, se é punk, se deita na grama e se suja, ou se seu cabelo é colorido. No meu primeiro dia, apertei meu coração na Berlim do tal muro construído de 1961. No último, para o meu próprio desconforto, passei 1 hora e meia hora em um campo de concentração, propositalmente rápido para que todo aquele impacto não me contagiasse em uma crise de existência. Só alguém muito frio para não sofrer ao escutar sobre a Todesmarch, a marcha da morte.

A primeira noite em Berlim, 2 de Abril.

              Depois da assustadora chegada ao aeroporto de Magdeburg imaginando que justo no meu avião poderia ter um terrorista (eu ia imaginar o quê com aquele tanto de policiais envolta da aeronave que parou não sei quantos quilômetros distante de onde tinha que pousar?) consegui chegar sã e salva no meu hostel. Foi hostel barato gente! 12 euros, duas noites, e não me arrependo! Tá, não foi tão simples chegar no David's hostel porque afinal de contas, estava na Alemanha, não falo alemão e minha comunicação era só em inglês. Previamente, já sabia qual estação de metrô descer, mas sempre acontece uma dúvida no meio do caminho. Tentei informações com alguns árabes vendedores de kebab, mas alguns deles também não falavam inglês. Dá meio que um pânico né, gente? Mas eu acho engraçado! Eu gosto mesmo de testar até onde meus nervos aguentam! ha-ha-ha
               No hostel, ao chegar, achei xexelento, mas depois o xexelento passou a ser aconchegante. Que delícia de colchão, minha gente! Melhor que o meu aqui de casa! #coisarara. Um detalhe: Alguns albergues baratos, com a diária de 4, 5 euros, geralmente não vão te fornecer toalha nem a roupa de cama GRÁTIS. Passo a dica logo porque com o rombo que me tinham feito no aeroporto, até com a ínfima quantia de 1 euro pela toalha e 3 euros pela roupa de cama que me cobraram - diga-se de surpresa - me assustei! Então fica a dica, hostel barato demais, desconfie, além da falta de água quente (vide Londres) você pode ter que dispender mais alguns euros por conta da bed linen.               
               No meu ponto de vista, o importante foi que, mesmo xexelento, é bem localizado, o staff é solícito (Jimmy, o recepcionista da noite, era mexicano então trocamos muitas idéias em espanhol) E... era cheio de normas! Nada de drogas, nada de cigarros, nada de bebida, nada de auê, pode cozinhar mas etiquete a sua comida na geladeira, não chame a campainha porque esqueceu sua chave ou vamos te cobrar 1 euro e isso we are not kidding, o lixo deve ser separado, não abra a porta pra ninguém isso é tarefa do staff, enxágue o chão do banheiro para o próximo e Danke Schön . Eu gosto de normas, cara! Até pra esses ambientes descolados e principalmente porque são poucos formais. Bom senso é relativo e cultural, por isso, não se aborreça frequentemente com costumes alheios. rs

3 de Abril, conhecendo Berlim

               A minha primeira noite em Berlim, foi um Sábado e mesmo assim nada de bombâncias. Foi na cama, dormindo em um colchão maravilhoso de bom no quesito "estamos-em-albergue". Antes disso, ainda tive que encarar as perguntas intermináveis de um mala norueguês. (Ai Jesus, pensava que os nórdicos eram todos lindos e agradáveis! Ergh!). Como nem tudo são flores, mesmo em um hostel cheio de regras, acordei com um entra e sai louco de pessoas no meu quarto.(Ah, esqueci de mencionar, estava em um quarto misto de 12 pessoas). Tive a "sorte" da minha cama estar posicionada justo na porta. Isso me lembra um episódio em Diamantina, Carnaval de 2007, em que na casa só havia espaço para eu dormir com meu colchão na porta da cozinha pro quintal. Reclamando de quê, galerê? Estamos in Germany! Presepada é internacional, esses tipos de adversidades são (quase) irrelevantes. rs.
               O primeiro dia, de fato, com todas as ganas do mundo, eu queria ver o clichê, eu queria ver um pedacim dos restos do muro de Berlim. Ao longo da estância, me dei conta que pela cidade há várias partes do muro. O primeiro que visitei, foi a parte localizada na Bernauer Strasse onde há um memorial dedicado às vitimas:




O memorial ao longo da Bernauer Strasse



               O muro de Berlim foi construído em 1961 e derrubado em 1990. O Berliner Mauer dividia a cidade em Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Nos 39 anos de existência do muro ele fez vítimas, quero dizer, as pessoas que tentaram cruzar de um lado para o outro foram alvejadas. Ao longo da Bernauer Strasse se encontram fotos com a história da Alemanha desde a II Guerra Mundial à Queda do Muro.

Berliner Mauer
Mural com as fotos de quem foi alvejado

Ainda recebem flores!



               A última foto de cima, particularmente, foi a parte do memorial que mais me chocou. Nesse lugar, haviam vários pedestais de ferro onde o visitante pode apertar o botão e escutar a história do muro. Nesse em especial, pode-se ouvir a lista de pessoas alvejadas : “René Grob, twenty-four years old, shot on November twenty-first” … e assim por diante! Atrás do memorial, há um cemitério, não ficou muito claro se era lá que se enterrava as vitimas do muro, mas me deu a entender que sim.


Entrei no cemitério, tirei algumas fotos com todo respeito aos que estavam alí em qualquer estado espiritual, mas um fato não pode passar batido: o cuidado que algumas pessoas tinham com alguns túmulos! Mais bonitos que muitos jardins por aí! Não tirei fotos para não provocar problema, poderiam se ofender. Parecia um programa de Domingo cuidar dos túmulos!

Velhinhas conversam diante de um túmulo. Alguém aí costuma bater papo no cemitério?

Depois dessa energia bad que é estar no memorial, no percurso para pegar o metrô novamente , tirei mais algumas fotos:


Capela da Reconciliação

Estátuas representando a unificação das duas Alemanhas.

Mais do mesmo


O dia ainda não tinha acabado, o sol estava bonito e Berlim estava realmente quente. Resolvi fazer algo menos funesto e parti para Alexanderplatz, uma praça imensa no centro da cidade onde tudo acontece. Manifestações de arte, manifestações políticas, mendigos...


TV Tower


 

Degustação faz parte do roteiro: Berliner Bratwurst

De Alexanderplatz, aí sim, saí sem rumo para conhecer sem ficar presa aos mapas. Logo me senti muito à vontade até pra tirar um cochilo na grama.
 






Depois de andar tanto, tirar uma soneca de frente à um palacio que não vou saber dizer o nome, num calorão que não estava previsto, estava ansiosa para degustar também as cervejas alemãs:







Fim da pausa pra degustação de cervejas e mais caminhada. Cenas de Berlim, ainda do primeiro dia:





Brandenburg Tor


Reichstag: Parlamento alemão

Um rio que não tenho idéia do nome em frente à estação central de Berlim

Pôr-do-sol pitoresco em Berlim




Previsão para o final do dia: Pernas doces e muito cansada!

Comentários

  1. hual! Adorei amiga! me diverti mto te lendo...

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  2. Que viagem mais gostosa!
    Ainda não entendi porque a policia estava no aeroporto, haha.
    A parte da degustação tem que acontecer né? haha turismo gastronomico é o que há. Inclusive, preciso por em prática; conhecer novas culturas, gastronomias, temperos.

    Muito bacana

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